4 de março de 2011

Let It be by Me por Keep Breathing

OK, vou tentar não voltar a falar da falta que a voz da Sónia me faz… Vou recalcar esta mágoa e procurar analisar esta “Let It Be by Me” com um mínimo de objectividade...

Esta música será a primeira do álbum, o que quer dizer que, depois do single “RGB”, é o cartão de visita deste “Explode”. E é um bom cartão. Porque, de facto, mostra claramente a transição dos The Gift para uma nova fase. Talvez esta seja mesmo a música onde melhor se detecta a mudança de um registo mais sereno, com que a música começa, para um outro, mais nervoso, com que a música termina. Esta é a música onde escolhemos, de facto, quais são os The Gift que preferimos: os do passado ou os do presente?

Não que no passado não houvesse, nos álbuns da banda, músicas mais vigorosas. Sempre houve e, ainda bem! Os The Gift sempre foram ecléticos e foi, aliás, exactamente por isso que se tornaram a minha banda preferida. Mas havia aquele fio condutor electro-pop mesmo entre os lados AM e FM, onde músicas como a “Red Light” ou a “You Know” eram a excepção, não a regra… Porque mesmo o lado FM era tudo menos cru, tudo menos frio…

Agora temos um fio condutor diferente. Esta “Let It Be by Be” mostra-o bem: o fio continua a conduzir electrónica, continua a conduzir pop, mas conduz agora com mais agressividade, com mais urgência, com menos cuidado, com menos imaginação… Parece-me que esta música nos mostra logo um álbum FM, mas onde não caberia uma “Front Of”, uma “1977”, uma “Pure”…

Em 2008, os Portishead lançaram o álbum “Third”. Quiseram inovar, fazer ouvir a bateria, passar do trip-hop para algo mais rockeiro, retirar protagonismo à extraordinária voz da Beth Gibbons (recalca!)… Conclusão? O “Dummy”, álbum lançado 14 anos antes, continuou unanimemente a ser considerado a sua obra-prima… Nessa altura, preferi os Portishead pré-“Third”. Também agora prefiro os The Gift pré-“Explode”. A minha escolha está feita.





3 comentários:

Telmo Couto disse...

Embora compreenda a tua opinião, não acho que haja isto dos The Gift "de antes" e "de agora". Ou melhor, não penso isso agora. Tive muita pena, com o AM-FM, que a banda tivesse mudado. E afinal era a mesma banda, soube-o pela forma como o álbum acabou por fazer parte da minha vida...

Quando ouvi o "The Suburbs" dos Arcade Fire, pensei que tinham perdido aquela magia dos álbuns anteriores. Mas é agora o meu álbum preferido dos 3.

É uma questão de nós e a banda, em tempos diferentes. Mas teremos sempre um tempo preferido, é claro :)

Anônimo disse...

SeSenti exactamente o mesmo c o "Suburbs" dos Arcade Fire :)
No fundo, a questão é: será que não precisamos de tempo para ter opiniões certas sobre um álbum? :)
Acredito que me venha a apaixonar por este "Explode"... Para isso terei sempre que o conhecer todo, o que ainda não aconteceu.
Mas hoje, com mais calma por ser fim-de-semana, tenho estado a ouvir todas as músicas. Pela ordem em que nos foram enviadas e pela ordem em que vão constar no álbum e já estou mais... envolvida. Aliás, eu nunca quis dizer que o álbum era mau! O álbum sempre me pareceu bastante bom! Eu é que tenho a fasquia colocada no topo ara os The Gift... O que talvez também não seja justo...
E, de facto, talvez este não seja o meu tempo para receber este álbum, já o escrevi. E isso não é justo nem injusto: é a vida...

keep breathing

ZeLuis disse...

o que tem piada é que a opinião sobre cada música, sobre o album, vai mudando conforme se ouve mais vezes, conforme se vai ouvindo ao vivo, conforme se vai criando novas memórias quando o tempo passa.

enjoy it...