4 de março de 2011

Let It be by Me por LaFolie

Os meus problemas.

"É natural que os outros tenham sempre razão, pelo simples facto dos outros serem cinco biliões (ou lá o que é) menos um e de eu ser apenas esse um. Ser influenciado é assim um reconhecimento da nossa pequena participação no mundo e da riqueza interminável desse mundo; é um acto alegre de humildade; um sinal enérgico de dependência humana"
Miguel Esteves Cardoso.


Confesso que ontem à noite estava chateada, furiosa por assim dizer.
Estava a gostar tanto do álbum, das músicas que estava a receber, tanto desta experiência…mas depois chegou a My Sun...
Ao ler o que o SoFree comentou sobre o que tinha escrito, pensei muito, pensei mesmo. A My Sun soou-me a Arcade Fire, é verdade, mas o problema não estava aí. Eu gosto dos Arcade, e acho a My Sun uma boa música. Aquela piada sobre o Ipod era só uma forma de introduzir um pouco de humor no blog. Acho que falta humor neste nosso mundo.

O problema não estava aí.

Pensei muito na questão do alinhamento e do facto de receber uma música por dia, ainda por cima sem seguir o alinhamento original do álbum. Pensei muito nesta nova forma de ouvir um álbum. Por exemplo, sei que hoje vai haver milhares de pessoas a ouvir a mesma música num mesmo momento, isso acontece todos os dias, é verdade, mas não da mesma forma. Eu estou ali no meio dessa multidão a fazer o mesmo. Se isso é bom ou mau, não sei bem. Se calhar não gosto de fazer parte de multidões. Eu gosto de individualidade, a não confundir com individualismo.

Os the Gift estão a mostrar-me um caminho para este álbum, caminho esse que tenho obrigação de seguir, não tendo outra hipótese. E se não me apetecer ouvir a My Sun depois de ter descoberta a Mermaid? A primeira audição de um álbum é fundamental para mim (em quase todas as vezes vai formar a minha opinião sobre o mesmo). Aqui, a escolha não é minha. Não sou eu a decidir onde e como vou ouvir a música. Estou a ouvir cada uma das músicas em casa, frente ao computador e por volta da meia-noite. Isto tudo está a formar a minha opinião sobre o álbum.

Foi aí que pensei que tinha dificuldade em deixar-me ir. Nunca fui uma pessoa de preconceitos sobre o que quer que seja, não gosto disso, aliás odeio os preconceitos. E aqui estou cheia de preconceitos. Eu quero ouvir o álbum que já estava na minha mente. Eu já o tinha imaginado antes dele sair. Tinha que estar lá aquilo que gosto nos The Gift. Queria ouvir a voz da Sónia poderosa, como muitos de nós.

Ouvi ontem à noite a Let it Be By Me.
Primeira reacção: Ok, não está lá a voz da Sónia. Não me apetece ouvir mais. A minha opinião sobre a música já estava formada antes de dar qualquer outra oportunidade. Será que com outra banda, teria feito o mesmo? Muito provavelmente. Mas aqui não se trata de outra banda qualquer. O problema é que os The Gift foram durante muitos anos a banda sonora da minha vida, e eu desejo que este álbum o seja também. Lembro-me o que escrevi sobre a The Singles. “O Nuno consegue levar-me por onde eu não quero ir.“ Será que é mesmo verdade?
Foi então que decidi ouvir novamente a Let it Be by Me. E não é que adorei? Despida de todos os preconceitos que tinha sobre o que EU queria ouvir neste álbum. O dia estava lindo. Às vezes não devemos pensar muito.

Com Explode não devemos partir à descoberta, se nessa procura já temos a ideia do que queremos encontrar.
É só deixar-nos ir.

Nota para mim: Isto é só um blog, isto é só musica.








4 comentários:

Anônimo disse...

tens tda a razão, lafolie...

keep breathing

Anônimo disse...

Se o vosso ritual pelas manhas é ouvir mais uma canção. o meu ritual antes de ir dormir, é ler-vos neste blog. leio tudo, respeito tudo e do fundo do coração só tenho que agradecer a vocês. ter um publico tão intlectualemnte evoluido é prova que os The Gift são realmente unicos, especiais, inconfrmados, gritados, chorados e alegres. chegámos ao meio...
esperem pelo fim...
nuno gonçalves

Telmo Couto disse...

LaFolie, é engraçado como este teu pensamento de ontem serve tão bem para mim hoje.

Todas as vezes que sai uma nova música, olho para os buracos do "puzzle" e tento imaginar o que lá se esconde. Estamos a ser conduzidos por um alinhamento diferente do de quem pegar no CD pela primeira vez.

E penso que tens toda a razão em relação aos preconceitos.. eu às vezes penso que se o Explode fosse aquilo que eu "gostaria" que fosse, ia acabar por não gostar nada e reclamar que era só mais do mesmo...

ZeLuis disse...

lafolie, mesmo assim a escolha de querer ouvir as músicas pela ordem que nos mandam é nossa. mesmo sendo muito dificil resistir a ouvir logo que a próxima música chega. :)