6 de março de 2011

Aquatica por Geminus

Há um caminho ondulante e luminoso por onde empurrados pelas correntes somos levados. Com a ajuda da voz que nos transporta levemente e ao de leve nos ajuda.
O caminho é incerto e faz de nós um ser débil. Inconscientemente, deixamo-nos levar aos embates, mas com a esperança que após a capitulação, amorfos, sejamos levados à Arcádia.

Quero.
Houve sargaço e lodo que ocultou o fio de ouro que nos dá a vida, mas com a chuva salgada corrosiva e cristalizante voltou a luz que guia os seres no êxodo e lhes renova a vida. Qual Fénix de mar, que mergulha e me conforta.

Pega no búzio, ouve a minha voz.
A cruzada que me personifica a viagem, que me carregou rumo a esta ilha, de onde não quero sair, mesmo que me mate a folia. O sentimento de querer combater junto a ti é mais forte.
Caminhei sozinho, por vales e rios, transportando uma adaga de sangue e o suor. Suor, que como aquilo que jorra de ti é salgado.

Jubileu.
A Musa, agora entorpecida, carrega sempre um prazer na complacência do transporte, que ergue junto ao som que emite. No som da baleia que percorre ondulante, a par da luz ténue, clara, perfurante, o teu mar…

Vem nadar comigo.
Mescla colorida em cascata que escorre pelas minhas mãos a caminhos de ti, casulo de preocupação. De cuidado.
Coloco em ti o meu padrão de cada vez que te visito, cruzando o caminho que nos cruza.

Abraça-me.




Aquatica por Even_Flow

Cores claras, suaves, esbatidas. Pouco contraste, uma espécie de névoa, de bruma, mas quente. Carrosséis esboçados, como que a flutuar entre o sonho e a memória. Descobertas envolvidas em risos, pés descalços. Perucas, rendas, um mar de confettis, sardas de fantasia. Sorrisos pintalgados, numa mistura de algodão-doce e entusiasmo. Sótãos escuros, arrepios, mãos dadas. Pedaços de relva, pescoços transpirados, risos que explodem tanto que dobram os estômagos e cortam a respiração. Melodias desconexas, representações, planos perdidos em folhas de papel. Antecipação, embrulhos luminosos, laços, sopros intermináveis. Olhares transparentes, toques de cetim, certezas subtis.
Mergulhos no infinito, ondas de inocência.


Aquatica por Mariana Oliveira





Aquatica por LaFolie

Aviso: Aqui há felicidade.

“Adoro as coisas simples.
Elas são o último refúgio de um espírito complexo.”

Óscar Wilde


A pessoa que escreve aqui não acredita na felicidade, nunca acreditou.
Eu sempre acreditei em pequenos momentos de felicidade, momento simples como um bom copo de vinho, uma boa conversa, um bom riso, ou uma boa música. É a junção de todos esses momentos de felicidade, que dão sentido à vida. Temos que agarrá-los, saboreá-los, nunca os deixar escapar, e sobretudo dar valor a esses momentos.
Ontem tive esse momento. Um momento de pura felicidade, daqueles que agarro logo à primeira e que não largo mais por ser tão bom.
Ouvi a Aquatica, e só me apeteceu dizer : é isso, é isso, é tão isso. Vocês nem imaginam até que ponto “é isso”. Estava lá tudo, mesmo tudo para proporcionar-me esse pequeno momento de felicidade.
Sem a menor dúvida, hoje troco os meus 15 minutos de fama por estes 5 minutos de pura felicidade.

PS : Agora já sei que vou comprar o álbum e vai ser a edição completa. Ah pois ! Aqui não se brinca. E já agora, deixem-me lá pintar a cara para ver se ganho o maldito pack. Vou ali e já venho.





Aquatica por Cube

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim,
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho,
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.


Sophia de Mello Breyner Andresen







Aquatica por Keep Breathing

E ao sétimo dia, a “Aquatica”, embora música calma, em vez de me fazer descansar, levou-me antes a reflectir sobre as críticas que aqui tenho escrito ao longo destes dias.
Num comentário a um post de ontem, afirmei que, quando se tratava dos The Gift, talvez colocasse a fasquia demasiado alta… E que talvez isso fosse injusto… Eles são a minha banda preferida, a única que vi dezenas de vezes, a única de quem tenho todos os álbuns originais (entenda-se, não gravados), a única que me tem acompanhado nos momentos mais importantes da minha vida… Por isso exijo mais deles do que qualquer outra banda? Parece que sim… É injusto? Não sei… Mas a verdade é que espero mais deles do que dos Portishead, dos Arcade Fire, dos Strokes, dos Divine Comedy, dos Depeche Mode, do Antony… A pressão que coloco é grande? É. Mas são os The Gift… Não foi num concerto de outra banda que comecei a namorar com o grande amor da minha vida… Não é o refrão de uma música de outro grupo que está gravado na capa do caderno onde diariamente tomo as notas para a tese de doutoramento… Não foi a ouvir outra banda que fiz viagens de quilómetros para visitar a minha mãe, internada no hospital, durante os piores dias da minha vida… Não foi ao som de um álbum de outro grupo que decidi que sim, que me casava… Eu exijo demais deles porque lhes tenho dado o melhor de mim! É injusto ainda assim? Provavelmente, sim. Até porque eles nem sabem (nem imaginam) o quanto marcam a minha vida (as nossas vidas?). Nem têm que querer saber, claro.

Há uns dias, a Lafolie escreveu que já tinha o álbum na cabeça antes de ele ser lançado… Eu também tinha. Tinha, pelo menos o desejo de que viesse a ser não um álbum bom, não um álbum muito bom, mas um álbum transcendente, sobre-humano… Como haviam sido o “Vinyl”, o “AM-FM”, o “Fácil de Entender”… Eu queria um álbum para a minha vida, não para o meu i-pod!

Veio, então, este “Explode”. E tem vindo devagarinho, dia-a-dia, guiado pela própria banda. E eu a sentir falta da voz da Sónia, da melancolia do AM, da voluptuosidade do FM… A achar que, efectivamente, este não era o álbum sublime que eu desejava (exigia?)…

A “Aquatica”, hoje, fez-me pensar em tudo isto com calma. Gostei bastante da música, mas, mais do que isso, gostei que ela me tivesse aberto uma nova porta para este álbum. É uma música que nos obriga a questionar, que nos obriga a questionarmo-nos. E eu questiono-me, então…

A verdade é que é difícil avaliar um álbum sem o ouvir na totalidade. E eu sou do tempo em que um álbum era um álbum, valia como um todo, com todas as músicas e com as músicas por aquela ordem… Talvez este processo de revelação de uma música por dia não seja o ideal para Velhos do Restelo como eu…

Mas a “Aquatica” – que seguiu a “Suit Full of Colours”, é verdade… – mostrou-me que vale a pena dar uma segunda oportunidade a este álbum, que vale a pena esperar pelo álbum completo para o avaliar. Para saber se corresponde às minhas elevadas expectativas – justas ou injustas, já não interessa. Para saber se é “apenas” um álbum muito bom, ou se é um álbum maior que a vida.



Aquatica por Marcos

Fecho os olhos. Vejo, em primeiro lugar, um riacho. Sinto-me embalar pelas pequenas ondas. Vejo, depois, um oceano. Vejo uma Polaroid. Um filme em stop motion. Uma vez mais, a voz assume o protagonismo. A personagem principal de uma narrativa. Uma canção de embalar.
Começo a conhecer os caminhos de “Explode”. Uns mais esfusiantes. Outros mais introspectivos. É nestes últimos em que a voz de Sónia Tavares se revela tal como é. Há tantos caminhos a trilhar em “Explode”. Uma viagem. A cada audição compreendo, cada vez mais, os seus rumos. E deixo-me levar.
Coloco os headphones, fecho os olhos, carrego play e deixou-me levar... “Aquatica” embala-me. Gosto! É descomplicada. É simples. Porque as coisas bonitas também são simples. E “Aquatica” é simples e bonita.




Aquatica por Jumpman

Uma das melhores músicas do álbum. Fantástica experiência sensorial.

Transportou-me para um salão onde uma banda formal com uma "leading singer" arrebatadora actua para uma plateia de gala, com os seus smokings e vestidos de cerimónia. O ambiente é melódico e os corpos balançam num clima de cumplicidade. Em algumas mesas alguns casais observam, namoram e saboreiam o seu champanhe. Eu sento-me no bar, observo o salão, a linguagem corporal perfeita da banda com os focos de luz perfeitamente alinhados sobre eles e fumo o meu charuto enquanto abano levemente a minha cabeça ao mesmo tempo que sinto as pedras de gelo a abanarem no meu copo de whisky. Um momento de pura felicidade acontece naquele salão.







Aquatica por SoFree

Gosto desta música. Simples, agradável ao ouvido. Transmite-me conforto e segurança, a sensação de que não se está sozinho.

Não sei o que mais dizer. Estamos agora a descobrir um lado intimista do álbum onde a voz da Sónia tem mais espaço para se libertar. É verdade que nem nesta música, nem na de ontem, me senti conduzido pela melodia como na parte da The Singles que já todos conhecemos como "Papercut". Seja como for, gosto de ouvir.





Aquatica por Crisanto

Antes de começar quero dizer que amo. Posso? Ok eu digo, amo. Eu amo. É lugar-comum? QUERO LÁ SABER. Eu amo do mesmo lugar que ontem não gostei.
Amo.
Porquê? Porque posso, porque quero e porque não tenho como não o fazer. Na primeira vez deixou-me com poucas palavras para descrever como “fiquei” depois de a ouvir. Fiquei pregado à cadeira. Alguém perguntou-me o que eu achava, e o primeiro pensamento foi : Eles conseguiram outra vez.
Com esta fui apanhado desprevenido, não estava à espera de uma música assim. Percebi no instante que a acabei de ouvir que tudo aquilo que percorri com os Gift….iria percorrer novamente. Isto são os novos Gift. A bateria não atropela, a guitarra fala, e finalmente oiço a Sónia a deslizar com a voz pela música.
Isto não se consegue só com trabalho ou conhecimento técnico dos instrumentos e sons, esta música consegue-se com inspiração, com muita inspiração. A Sónia não precisa encher os pulmões para arrebatar-nos, a prova chama-se “Aquatica”.

Ontem ouvi tudo aquilo que eu não queria, hoje esqueci tudo o que conhecia, hoje não me lembrei do ontem.Rendo-me, voltaram a conquistar-me. Podem novamente hastear a bandeira naquilo que chamam alma. Ergam-na orgulhosos, o mérito é todo vosso.
Uma música num único suspiro. Uma música que dura um só momento.

PS: Vou ser um bom menino o resto do ano, prometo.


Aquatica por AndréGift

Aquatica: para mim é fácil falar sobre esta música. Depois de a ouvir algumas vezes, noto que faz sentido escutá-la logo seguida da "Suit full of colours", é na mesma linha, um fio que me conduz pela imaginação e introspectividade. É isso que gosto nestas músicas, direi, mais calmas e intimistas. Há tempo para nos apaixonarmos por ela, para chorar, fechar os olhos e sentir a harmonia que a envolve, o poder da voz da Sónia e do piano... Será que o lado mais electrónico deste disco já terminou? Será que este cd também se poderia chamar AM-FM? Estou, de certo modo, a ironizar, pois não sei o que ai vem. Mas cada vez estou mais certo que os The Gift estão no caminho certo.

Não sei se é por estar a ouvir a música à noite e numa fase de uma certa melancolia, mas "Aquatica" é música para os meus ouvidos, para o meu interior. Vou às nuvens e venho. E entretanto adormeço.