6 de março de 2011

Aquatica por Keep Breathing

E ao sétimo dia, a “Aquatica”, embora música calma, em vez de me fazer descansar, levou-me antes a reflectir sobre as críticas que aqui tenho escrito ao longo destes dias.
Num comentário a um post de ontem, afirmei que, quando se tratava dos The Gift, talvez colocasse a fasquia demasiado alta… E que talvez isso fosse injusto… Eles são a minha banda preferida, a única que vi dezenas de vezes, a única de quem tenho todos os álbuns originais (entenda-se, não gravados), a única que me tem acompanhado nos momentos mais importantes da minha vida… Por isso exijo mais deles do que qualquer outra banda? Parece que sim… É injusto? Não sei… Mas a verdade é que espero mais deles do que dos Portishead, dos Arcade Fire, dos Strokes, dos Divine Comedy, dos Depeche Mode, do Antony… A pressão que coloco é grande? É. Mas são os The Gift… Não foi num concerto de outra banda que comecei a namorar com o grande amor da minha vida… Não é o refrão de uma música de outro grupo que está gravado na capa do caderno onde diariamente tomo as notas para a tese de doutoramento… Não foi a ouvir outra banda que fiz viagens de quilómetros para visitar a minha mãe, internada no hospital, durante os piores dias da minha vida… Não foi ao som de um álbum de outro grupo que decidi que sim, que me casava… Eu exijo demais deles porque lhes tenho dado o melhor de mim! É injusto ainda assim? Provavelmente, sim. Até porque eles nem sabem (nem imaginam) o quanto marcam a minha vida (as nossas vidas?). Nem têm que querer saber, claro.

Há uns dias, a Lafolie escreveu que já tinha o álbum na cabeça antes de ele ser lançado… Eu também tinha. Tinha, pelo menos o desejo de que viesse a ser não um álbum bom, não um álbum muito bom, mas um álbum transcendente, sobre-humano… Como haviam sido o “Vinyl”, o “AM-FM”, o “Fácil de Entender”… Eu queria um álbum para a minha vida, não para o meu i-pod!

Veio, então, este “Explode”. E tem vindo devagarinho, dia-a-dia, guiado pela própria banda. E eu a sentir falta da voz da Sónia, da melancolia do AM, da voluptuosidade do FM… A achar que, efectivamente, este não era o álbum sublime que eu desejava (exigia?)…

A “Aquatica”, hoje, fez-me pensar em tudo isto com calma. Gostei bastante da música, mas, mais do que isso, gostei que ela me tivesse aberto uma nova porta para este álbum. É uma música que nos obriga a questionar, que nos obriga a questionarmo-nos. E eu questiono-me, então…

A verdade é que é difícil avaliar um álbum sem o ouvir na totalidade. E eu sou do tempo em que um álbum era um álbum, valia como um todo, com todas as músicas e com as músicas por aquela ordem… Talvez este processo de revelação de uma música por dia não seja o ideal para Velhos do Restelo como eu…

Mas a “Aquatica” – que seguiu a “Suit Full of Colours”, é verdade… – mostrou-me que vale a pena dar uma segunda oportunidade a este álbum, que vale a pena esperar pelo álbum completo para o avaliar. Para saber se corresponde às minhas elevadas expectativas – justas ou injustas, já não interessa. Para saber se é “apenas” um álbum muito bom, ou se é um álbum maior que a vida.



7 comentários:

even_flow disse...

:)

é isso. *

Crisanto disse...

x2

jumpman disse...

Faz falta um botão "Mega Like" :)

La Folie disse...

Muito bom o que escreveste.
Muito bom mesmo.

keep breathing disse...

even_flow, crisanto, jumpman, La Folie, mt obrigado! tds vcs têm sido a companhia certa nesta viagem ;)

ZeLuis disse...

gostei bastante deste post! :)

cada música é uma surpresa e no final o conjunto vai ser ainda melhor! :)

keep breathing disse...

thanks, zé luís!