15 de março de 2011

Explode por SoFree

Tudo começou às escuras.

Primeiro, concertos que são anunciados sem se saber se terão músicas novas do suposto "próximo álbum" dos The Gift. Depois, muito depois, o anúncio que o álbum sai dentro de uma semana, podendo-se comprar pelo preço que apetecer, se apetecer pagar. Bilhetes e álbum comprados completamente às cegas, sem fazer a menor ideia do que de lá poderia sair. Não fui a única pessoa a fazê-lo. Mas conto pelos dedos o número de bandas que me convenceriam a investir desta forma.

Surgiu, então, a ideia deste blogue. Obviamente, quis fazer parte desta excelente iniciativa da LaFolie. Acompanhar, diariamente, o lançamento das músicas do álbum e partilhar as primeiras impressões de cada uma com quem as quisesse ler. Não dá para falar de primeiras impressões do álbum. O método de distribuição, uma canção por dia, fez dele um puzzle que levamos (quase?) até ao final para desvendar. E fez com que apreciasse cada música por si, antes de a colocar no contexto das restantes. Quantas vezes se ouve um álbum novo, do princípio ao fim, para definir imediatamente a sentença "gosto" ou "não gosto"?

Na FNAC anunciam o "Explode" como um álbum alternativo. E é verdade. Depois do AM-FM e, principalmente, depois do "hit" que foi a música Fácil de Entender, o Explode leva-nos por novos caminhos que, à partida, seriam menos comerciais. Mermaid Song e The Singles são exemplos perfeitos de que a banda está sempre disposta a experimentar com os sons, tanto hoje como na era do Vinyl. Em muitas músicas, ecoa a alma dos diferentes álbuns, mas nada soa a "sequela espiritual" e muito menos a repetição.

Este é um disco positivo. Enérgico e optimista, lançado numa altura em que a moda é a lamúria e a constatação passiva de que as coisas estão mal. "You are the one to keep the dreams about the world, don't need to sell your soul…" Músicas como Made for You, RGB e Race is Long transpiram confiança e uma energia contagiante ,como também podemos encontrar em My Sun – um tema extremamente positivo sobre a paternidade. A sonoridade retro está presente em temas como Let It Be by Me e Primavera, enquanto que uma vertente mais comercial pode ser encontrada na balada pop Suit Full of Colours. Há ainda Aquatica, um tema aconchegante para ouvir a dois.

Mas nem tudo é alegria neste álbum. Always Better if You Wait for the Sunrise é um tema sombrio, mas majestoso. Uma verdadeira explosão de emoção, como muitas músicas deste álbum, mas contrasta na temática…
Embora a menos representativa, é provavelmente a melhor composição que existe a apreciar em Explode.

As guitarras e os teclados marcam a nova sonoridade dos The Gift, mas não tanto como a ocultação da voz de Sónia Tavares com o uso de registos mais discretos e a concorrência de vozes nos refrões. Se tivesse de escolher algumas músicas obrigatórias para se conhecer estes "novos Gift", recomendaria a escuta de Race is Long, RGB e My Sun – sendo a primeira uma música a que não consigo resistir a ouvir pelo menos duas vezes seguidas. Mas aquela que melhor representa este álbum é mesmo The Singles, com todas as suas mutações ao longo dos diversos andamentos. É até das que melhor representam a banda como um todo.

A viagem por Explode neste blogue foi uma experiência única. Uma oportunidade que só com esta banda seria possível, com este diversificado grupo de fãs. Adorei o contraste de opiniões, tanto como as coincidências.

Vemo-nos todos no Tivoli!

3 comentários:

La Folie disse...

Mesmo se nao concordo com tudo, é o melhor texto sobre o Explode para mim. :)

ZeLuis disse...

Excelente texto, Sofree!

Telmo Couto disse...

Obrigado aos dois! :)