28 de fevereiro de 2011

RGB por Even_Flow

Let the firework start

É sempre estranho ouvir um álbum novo de uma banda que já se conhece. Mais estranho é quando essa mesma banda já foi tão marcante na nossa vida e quase todas as músicas estão impregnadas de memórias, pessoas e lugares. Há uma expectativa que se torna difícil elevar em palavras, um misto de ansiedade, medo e excitação. E se achamos horrível, inconcebível? E se o talento e a inspiração tiverem de repente desaparecido, qual abdução aliegenea? Pior do que tudo isso, e se não nos disser absolutamente nada? Se o ouvimos e ficamos exactamente na mesma, num género de fast music? O pior de tudo é não sentir, depois de se ter sentido tanto.

Hoje em dia é mais fácil do que nunca ouvir música, ela rebenta por todos os lados, explode nos nossos ouvidos com um simples clique. E isso tem tanto de maravilhoso como de redutor. Há tantos estímulos que é fácil ganhar uma espécie de imunidade, o maravilhoso acontece muito raramente.


*intervalo em que ouvi a música umas, vá, dez vezes*

Lembro-me que há muito tempo alguém falou da música dos Gift e disse algo como “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Bem, a verdade é que não sei dizer se gostei ou não desta RGB. Mas posso pelo menos dizer que senti alguma coisa. E isso já é um óptimo inicio.
Confesso-me uma admiradora incondicional dos vocais da Sónia Tavares e nesta música acho-os desinteressantes, sempre a direito e sem exploração da essência particular que ela tem timbricamente, aquela textura que a torna diferente de tantas outras cantoras (que é como quem diz que a música podia ter sido cantada por outra pessoa qualquer e ia mais ao menos dar ao mesmo). Isto não significada que a música seja má. Não é. Tem aquilo que uma música pop precisa, um ritmo contagiante e animado, uma melodia simples e cativante, crescentes e decrescentes que fazem qualquer pessoa, no mínimo, bater o pezinho e, num momento menos auto-consciente, imagino que dançar e saltar. Eu posso testemunhar aqui uma manifestação corporal clara! Há aquela doçura e alegria típica de uma música pop, que põe sorrisos nos lábios e uma vontade enorme de fazer qualquer coisa (qualquer coisa mesmo) e nos dá uma leveza qualquer, como quando piso relva num dia ensolarado. Embora seja uma comparação um bocado óbvia, acho-a extremamente colorida, dada à quantidade de variações e melodias intricadas. Por vezes talvez um pouco colorida demais, acho que não há uma coesão muito óbvia e se não soubesse que era uma só música podia perfeitamente ter achado que eram duas ou três. Is pop simple?

Resumindo, eu sou fã do AM e do FM que há nos Gift, do grey e do rgb. Aqui está um belo exemplo de todo esse potencial explosivo, dessa alegria e esperança que, na minha opinião são uma parte grande daquilo que os Gift representam e/ou representaram na minha vida.
O meu único medo, confesso, é que não exista lugar para o FM neste novo álbum.
Chamem-me masoquista ou outra palavra qualquer que fique bem aqui, mas eu gosto de explorações de outros sentimentos, de outras cores. Gosto de arco-íris, sim, mas aprecio uma boa chuvada. Acho que se vê melhor no meio.

Let the firework start!




2 comentários:

Tania disse...

Palavras para quê?! Acho que disseste tudo. Mais uma vez, escreves e descreves bem.

Até breve*

even_flow disse...

tks vabi :) *