8 de março de 2011

Always Better if You Wait for the Sunrise por Even_Flow

The same old song

É estranho como é difícil explicar o que não está, o que nos faz falta, de tão sensorial e abstracto que é e de repente, esse algo aparece, tão óbvio, tão claro, tão evidente. Ainda assim tão complicado de espremer em palavras…
Se alguém me pedisse para explicar, afinal, o que é que me faltava neste novo álbum dos Gift, a minha melhor ilustração seria esta música e um “ouves?”.

Segundos antes de carregar no play estava a pensar comigo mesmo que, não obstante haver músicas que me tinham agradado, feito viajar, relaxado e transportado para todo um mundo de experiências sensórias deliciosas, ainda não tinha havido nenhuma música que me tivesse tocado profundamente.
E eis que, qual Alice, a porta que se me abre é, finalmente, aquela que eu mais queria. O meu próprio corpo manifestou-se imediatamente, como que despertado. Foi a primeira vez em todo o álbum que parei o que estava a fazer e me limitei a ouvir a música, a deixar-me invadir, a reencontrar um amor antigo e guardado numa das mil folhas do meu íntimo. A voz da Sónia, em todo o seu expoente, sempre foi para mim hipnotizante, uma espécie de magia sob a qual eu sucumbia, como um íman enfeitiçado. Finalmente senti-a, finalmente cresceu, finalmente explodiu.
Durante toda esta viagem perdi a conta ao número de vezes que ouvi cada uma das músicas, quase até à saturação, até encontrar alguma identificação verdadeira, até se desenhar em mim uma imagem mais detalhada do que o simples conforto da melodia. Esta, ao invés, não a desejo ouvir novamente em breve. Há toda uma digestão interior necessária, uma apropriação.

Não deixa de ser curioso que seja simultaneamente a música mais desesperante e sofrida de todas, a mais repleta de emocionalidade e de dramatização. Curioso, mas não surpreendente. Se eu pensar nos três anteriores álbuns dos Gift, não tenho qualquer dúvida na hora de escolher as três músicas que mais me marcaram: dream with someone else’s dream, front of, cube.
É o momento de me questionar sobre o meu «masoquismo» latente. Será que me identifico mais com o lado lunar, como diria o Rui Veloso? Porquê é que num álbum repleto de cores suaves eu só me sinto completa quando me preenchem as mais pesadas? Talvez seja apenas a necessidade do ying e yang. Ou talvez sejam saudades.

E, paradoxalmente, nem sempre a saudade é triste.




5 comentários:

jumpman disse...

És uma lamechas..

Sabes o que é isso? Idade.. :P

Crisanto disse...

Esta aqui levou-te ao teu saboroso inverno. Pediste tanto que tiveste mais do que desejaste.

Mariana disse...

também ansiava por esta porta, alice :) obrigada! ahah
sem duvida que prefiro este género de inverno à primavera xD

even_flow disse...

LOL.
estás a dizer que as pessoas ficam mais lamechas com a idade saltinho? anda, conta-me o meu futuro :p

crisanto, nada disso. tive exactamente aquilo que desejei. :)

mariána, MÊMO CHABALS!

jumpman disse...

Eu conto-te um dia destes. :P