No centro de uma sala totalmente a branco, fixo nu o que me rodeia. Sou pequeno soldado confiante que fita o seu gigante inimigo.
Sem quebrar, dobro ligeiramente os joelhos em posição de ataque. Mergulho as mãos nas cores e sinto a sua textura escorrer-me entre os dedos. E a forma como palpitam de energia, prontas a explodir-me nas mãos.
Passo os dedos coloridos com força na face e sorrio. Agora sim.
Aguardo a contagem.
Zero.
Giro, desvio-me e golpeio e atiro com toda a força o verde contra a branco pálido da parede, na esperança de que sido um bom começo. Depois, vou brincando com o azul e o amarelo, pintalgando esquizofrenicamente o que há por preencher. Corro contra as paredes e sujo o meu corpo de cores. Giro novamente e brinco às escapadelas. Rebolo, rodo e rebolo sobre mim até que me deixo lânguido a arfar no chão a fixar o tecto de vidro que me mostra o azul do céu vivo brilhante.
Gargalhadas roubam a minha respiração e fazem levantar-me outra vez e saltar para dentro do vermelho. Corro, corro pela sala. Fui ferido na batalha e arrasto agora o sangue fugitivo. Não me escondo.
Refrigerante com gás que pica na garganta.
Desenho com as mãos uma porta vermelha num dos espaços ainda brancos e ponho-lhe uma maçaneta com um beijo. Dou três passos atrás e aguardo resposta. De rompante, saltas explodindo para o interior da sala.
O teu corpo limpo. De mãos na cintura, sorriso ingénuo e face confiante. O teu cabelo por pentear.
Com força, abraças-me e quase tombamos no chão às cores.
Juntas-te a mim na batalha, correndo e girando e pulando em ziguezagues frenéticos de braços abertos e mãos espalmadas. Depressa acabamos por vencer.
Arfamos cumplicemente.
“- Feito! Contigo…”
Sobrou só amarelo e verde. Depressa desenhamos um Sol no tecto de vidro, a completar o céu, sob o qual nos deitamos de braços e pernas e braços abertos.
De mãos dadas.
5 comentários:
Tu não és normal...e digo isto no melhor dos sentidos.
Wow :)
Já disse wow?
MEU DEUS! :O
...
eu ja nem digo nada.
:)))
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